Em um cenário global marcado por desafios ambientais e sociais, surge a urgência de direcionar capitais para iniciativas que, além de gerar retorno financeiro, promovam transformação no planeta e na sociedade. O investimento sustentável se destaca por unir objetivos econômicos e socioambientais, traduzindo-se em uma estratégia poderosa para investidores que buscam união entre lucro e impacto social de forma duradoura.

O que são Investimento Sustentável, ESG e VSS+

Investimento Sustentável (IS) refere-se a fundos e estratégias que apresentam mandato explícito de impacto positivo socioambiental. Esses produtos visam resultados mensuráveis, com foco em causas ambientais e sociais, como energia limpa, preservação de biomas, inclusão social e desenvolvimento comunitário.

Já o conceito ESG (Ambiental, Social e Governança) integra sistematicamente esses fatores na análise de risco e retorno, mesmo quando o objetivo principal permanece o desempenho financeiro. Por fim, VSS+ (verde, social, sustentabilidade e sustainability-linked) categoriza títulos de dívida que financiam projetos com benefícios ambientais e sociais, seguindo metodologias reconhecidas internacionalmente.

O Mercado Brasileiro em Expansão

No Brasil, a combinação de demanda crescente e regulamentação mais firme favoreceu a aceleração dos produtos sustentáveis. Até outubro de 2025, havia 269 fundos IS e ESG, com 72% deles direcionados exclusivamente ao impacto positivo. O patrimônio líquido desses fundos atingiu R$ 52,3 bilhões, registrando um crescimento de 59% em 12 meses.

Além disso, a captação líquida chegou a R$ 11,4 bilhões nos primeiros dez meses de 2025, alta de 31% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse movimento reflete o interesse de 52 gestoras em IS e de 27 gestoras em produtos com critérios ESG, confirmando que o mercado está cada vez mais maduro.

Composição e Desempenho por Classe de Ativos

A diversificação de classes de ativos demonstra que o investimento sustentável não está restrito a um único segmento. Renda fixa concentra R$ 34,2 bilhões, ações somam R$ 2,3 bilhões e multimercados totalizam R$ 1,5 bilhão em julho de 2025. Os fundos de private equity e infraestrutura, ligados a ESG, cresceram 246%, saltando de R$ 666,5 milhões para R$ 2,3 bilhões.

Mercado de Títulos de Dívida Sustentável

Segundo a Climate Bonds Initiative, o volume de dívidas VSS+ no Brasil alcançou US$ 67,8 bilhões até junho de 2025, dos quais US$ 49,3 bilhões (73%) estão alinhados a critérios científicos rigorosos. O índice de alinhamento passou de 88% para 93% entre o primeiro semestre de 2024 e o mesmo período de 2025, evidenciando prioridade em ativos com base científica.

Com 152 emissores, destacam-se empresas corporativas responsáveis por 82% do volume alinhado, muitas vezes emitindo em moeda local (51% das emissões). O país figura como principal protagonista das finanças sustentáveis na América Latina, impulsionando o tema em véspera da COP30.

Investimentos Corporativos em Sustentabilidade

Além dos fundos e títulos, as próprias empresas aumentaram expressivamente seus aportes em projetos ambientais. Em 2025, o investimento privado atingiu R$ 48,2 bilhões, conforme levantamento da Amcham Brasil, consolidando a agenda de sustentabilidade no CAPEX e OPEX das organizações.

Observa-se uso de métricas confiáveis de impacto ambiental e social como tendência central. As companhias investem em tecnologias para eficiência energética, economia circular e rastreabilidade da cadeia, demonstrando que sustentabilidade deixou de ser mero discurso de marketing.

• Uso de métricas confiáveis de impacto ambiental e social
• Investimento em tecnologias sustentáveis: eficiência energética e economia circular
• Adoção de rastreabilidade e digitalização de dados ESG

Tendências para 2025 e 2026

As previsões indicam que a renda fixa sustentável como protagonista continuará ganhando força. A emissão de debêntures verdes, bonds etiquetados e títulos vinculados a metas de sustentabilidade tende a crescer, atraindo investidores em busca de estabilidade e propósito.

• Crescimento contínuo de fundos de renda fixa sustentável
• Maior integração de critérios ESG na análise de risco e retorno
• Expansão do mercado de dívidas sustentáveis com base científica

Conclusão

O cenário mostra que retorno financeiro robusto e competitivo pode caminhar lado a lado com impacto socioambiental claramente mensurável. Para o investidor, essa é uma oportunidade de participar da construção de uma economia de baixo carbono e sociedade mais justa, sem abrir mão da rentabilidade.

Adotar estratégias que busquem práticas responsáveis que geram valor de longo prazo significa alinhar seu portfólio às necessidades do futuro. Na interseção entre lucro e propósito, encontra-se o verdadeiro potencial para transformar desafios em resultados positivos para todos.